José
Tadeu Cardoso, nascido em Jacobina, na Bahia, iniciou-se na Capoeira
nos anos 60 com seu irmão mais velho, Camisa Roxa. Em seguida mudou-se
para Salvador, indo morar no bairro da Lapinha, onde continuou a
praticar capoeira nas rodas de rua, principalmente nas de Mestre
Valdemar e Traíra, que eram realizadas na Rua Pero Vaz. Posteriormente
foi treinar na academia de Mestre Bimba, onde se formou.
Rodou todo Brasil fazendo demonstrações de Capoeira na equipe de
seu irmão, Camisa Roxa. Em 1972, com 16 anos, resolveu morar no Rio e
começou a dar aulas em academias. No Rio de Janeiro, Camisa se dedicou à
pesquisa da Capoeira, desenvolveu seu próprio método de ensino,
seguindo os conceitos de Mestre Bimba.
Camisa fundou a Abadá-Capoeira, hoje presente em todos os estados
brasileiros e em mais de 28 países do mundo, entre eles: Estados Unidos,
México, Canadá, França, Dinamarca, Inglaterra, Israel, Angola,... São
cerca de 40 mil capoeiristas, seguindo a filosofia, doutrinas, normas e
fundamentos ditados pelo Mestre
Mestre Camisa sempre deu ênfase à profissionalização da Capoeira,
pois desde o seu primeiro emprego até hoje, sobrevive fazendo o que
mais gosta: ensinando capoeira.
Mestre Camisa desenvolve também um trabalho de apoio aos
projetos de entidades que têm como fundamento, reverter a situação de
miséria e abandono verificada em comunidades carentes. Em sua associação
há profissionais capacitados para realizar trabalhos em escolas
públicas e particulares, universidades, clubes, academias, condomínios e
comunidades carentes.

Mestre Camisa foi considerado um dos capoeiristas mais técnicos do mundo. (O Pelé da Capoeira).
Algumas passagens da trajetória do Grão Mestre Camisa até chegar
ao Rio de Janeiro onde decidiu se fixar e posteriormente fundou a
ABADÁ-CAPOEIRA.
O primeiro contato com a capoeira
"No
interior da Bahia eu sempre via pessoas fazendo os movimentos de
pernadas, jogando, mas de forma espontânea, sem berimbau. Mais tarde
Camisa Roxa foi estudar em Salvador. Quando voltava, nos mostrava as
técnicas de capoeira que estava aprendendo com Mestre Bimba. Esses
pequenos aprendizados serviam de brincadeira entre os primos e aumentava
nosso interesse pela capoeira. Além disso, as pessoas mais velhas da
região, sempre tinham alguma história de capoeiristas e suas façanhas:
um que batia em 3 ou 4 ao mesmo tempo, outro que tinha o corpo fechado"
(...) "naquela época todo mundo usava facão na cintura, eu gostava de
ficar vendo os mais velhos mostrando as técnicas de manuseio do facão"
(...) "Quando se entrava num lugar de respeito, como a igreja, por
exemplo, se tirava o chapéu e o facão e os deixava na entrada".
Da Fazenda Estiva até Salvador

As rodas de rua e das festas populares
(...)
"em Salvador eu gostava de freqüentar as festas populares, ver, e
depois participar, das rodas de rua" (...) "Passei a jogar com mais
freqüência nas rodas do Mestre Valdemar, na Liberdade (Pero Vaz)" (...)
"Camisa Roxa me encontrou de madrugada jogando capoeira numa roda e
achou que aquilo era perigoso para um menino de 12 anos. Em conversa com
minha mãe ele alertou para o perigo da situação, e ela, que até então
não me permitia treinar capoeira. Por achar que eu não ia muito bem nos
estudos, achou por bem me matricular na academia do Mestre Bimba. Mas o
que ela não soube que uma vez matriculado na academia, eu passei a fazer
as duas coisas, treinar na academia à noite e jogar nas rodas de rua e
das festas de dia..."
A academia de Mestre Bimba

A chegada no Rio
(...)"
Naquela época já havia o comentário que Mestre Bimba ia para Goiás
enquanto o meu irmão estava preparando uma turnê pelo Brasil com o grupo
folclórico Olodum Maré. Eu, que sempre assistia os ensaios, resolvi
acompanhar esta turnê de um ano "(...)" Participava de vários números,
mas com maior freqüência os de capoeira "(...)" Quando iniciou a viagem
eu já intuía que não voltaria mais a morar em Salvador, nas cidades onde
passava, eu sempre avaliava a possibilidade de morar ali "(...)" No Rio
de Janeiro a show ficou em cartaz durante 3 meses e depois seguiu para
Europa com o nome de Brasil Tropical "(...) " A cidade me cativou, foi
uma grande identificação com o samba, as escolas de samba, os morros, a
vida social e a cultura de uma forma geral"(...)" não podia seguir com o
grupo, pois tinha que ir para Salvador para estudar"(...)"o navio
partiu para Europa e eu no cais assistindo, apenas com minha passagem
para Salvador e alguns trocados que dava para mais uns dias de pensão.
Rasguei a passagem e apostei no meu sonho de dar aulas de capoeira..."
"Capoeira
é uma arte que engloba várias artes em uma só arte: é um trabalho, uma
luta, uma arte, uma dança, é poesia. Tudo isto tem seu momento, ou seja,
ela é o que o momento determinar.
...
A Capoeira pode ajudar a tornar a nossa sociedade melhor e mais humana e
mostrar que todos nós temos valor independente do grau de instrução ou
nível social. A Capoeira equilibra e harmoniza as pessoas.
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